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Distonia Focal ou Cãibra do Escrivão

         Apesar de não ser uma patologia habitualmente tratada pelo Cirurgião de Mão, é comum que o paciente com essa doença chegue ao nosso consultório, sem diagnóstico. Assim, precisamos conhecê-la, fazer o diagnóstico (ou pelo menos suspeitar dele) e encaminhar para o profissional adequado para o tratamento.

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            Reconhecida há mais de um século, caracteriza-se por contrações musculares involuntárias da musculatura envolvida na escrita no membro superior e apesar do controle motor normal ao realizar outro tipo de atividade, ocasiona perda do controle da caneta, sendo por vezes dolorosa.

           

        Falando de forma mais fácil: quando utilizamos a mão para qualquer atividade, os músculos precisam trabalhar. Assim, alguns se contraem e outros se relaxam, permitindo a execução da atividade (tudo sob o comando do cérebro). Na Distonia Focal tarefa específica apelidada de Cãibra do Escrivão, esse controle de qual músculo se contrai (e em qual intensidade) ou qual se relaxa é perdido. Assim, existem contrações que atrapalham a atividade da escrita, dificultando muito essa tarefa. Mas por que isso não acontece durante outras atividades? Também não sei. Pelo que já estudei na literatura médica, ninguém sabe ao certo. O mais comum é que a mão apresente uma posição anormal durante a realização de uma tarefa, mas também podem estar presentes espasmos e tremores. Ou seja, apesar da dificuldade ao tentar escrever, outras atividades são realizadas normalmente.

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         A maior incidência ocorre entre a terceira e quinta década de vida. Em cerca de 5% dos indivíduos ocorre comprometimento de outros membros da família. No passado, essa doença foi associada com pessoas com características de perfeccionismo, principalmente mulheres. No entanto, essa associação não se confirmou. A maioria das pesquisas afirmam não existir predileção por sexo. Recentemente, percebeu-se uma diminuição na prevalência dessa doença, diante da substituição da escrita com a mão pela digitação.

 

             Apesar da causa incerta, é comum a associação com pessoas que fazem atividades repetitivas como escritores e músicos. É importante ressaltar que não se trata de uma doença psiquiátrica! É uma doença totalmente neurológica.

 

           Não existe cura. A remissão do quadro geralmente é incomum e os sintomas podem progredir para a mão contralateral em até 18% dos casos. O tratamento geralmente é realizado com medicamentos orais e aplicação de toxina botulínica. No entanto, nem sempre temos uma melhora significativa. A acupuntura é uma possibilidade de terapia alternativa, no entanto, sem comprovação de eficácia até o momento.

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             Vale ressaltar que o paciente do vídeo no início da página tem uma patologia grave. Nem todos os casos tem intensidade tão severa.

Na presença desses sintomas, procure a ajuda de um Cirurgião de Mão, para diagnóstico adequado e escolha do tratamento mais apropriado.

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